#37 Que hiato foi esse?
Parece que nem o chá de sumiço ajudou na digestão da edição 36. Mesmo assim estamos de volta, menos Priscilla, que tá de férias. E pra amenizar esse vazio, tem convidada que já fez sucesso por aqui.
Ainda sobre sonhos (?!)
(por Isabel Trindade)
Às vezes, pra variar da musculação, eu me meto numa aula de ginástica localizada com uma professora ótima. O problema é que as alunas são um porre. Reclamam de tudo, meio que fazendo graça, só que isso me desmotiva horrores. Eu também tendo a ser a reclamona malhando, mas já aprendi, inclusive foi uma das chaves para me livrar do sedentarismo – pega essa dica – que quanto mais eu reclamo pior fica.
Enfim, nesse dia chegou uma aluna nova. De academia e de idade (14 anos). Parecia uma boneca bailarina por causa do seu corpo longilíneo e do colã da escola de dança mais tradicional da Tijuca.
A professora, falante que só, apresentou a nova aluna e anunciou que ela sonhava em ser bailarina profissional, que ia dançar no Municipal, e em companhias internacionais cujos nomes inventava. Apesar do lado cômico e exagerado que lhe é peculiar, era óbvio que a própria menina tinha confidenciado algo, ainda que só para ser direcionada na aula, de acordo com seus objetivos “profissionais”.
Pois não demorou um segundo para que uma das chatas abrisse a boca. Dessa vez para, pasmem, intervir na vida da pequena sonhadora que ela via pela primeira vez:
- Ihhh, minha filha, desiste logo. Vai trabalhar demais, ganhar pouco. Sai fora! Vai fazer outra coisa há-há-ha! Falo isso com propriedade porque meu irmão foi bailarino, noooossa, o quanto sofreu, não tinha vida. E nem dinheiro há-há-há. Sonha com algo melhor!
É que eu estava num bom dia e consegui segurar minha onda. Porque a vontade era mandar aquela infeliz calar a boca. Era perguntar quem ela pensa que é pra tentar destruir com palavras o sonho de uma CRIANÇA, o que não foi capaz de realizar, quais suas frustrações para ser amargurada a ponto de querer dizer para os outros o que devem fazer de suas próprias vidas.
Lembrei, então - com imensa raiva - das barbaridades que também fui obrigada a ouvir quando criança – aliás, que sigo ouvindo até hoje - com relação aos meus sonhos. Faladas por adultos que deveriam me incentivar a sonhar, me orientar a perseguir um sonho, e por outros que, assim como essa sem noção, eu nem sabia o nome, e que se achavam no direito de interferir na minha vida.
Percebi o quanto que essas pessoas contribuíram para eu abandonar meus sonhos pelo caminho, por acreditar que seria impossível realizá-los. O quanto esses discursos direcionaram minhas escolhas por caminhos sem sentido, que tem a frustração como paisagem. Como se houvesse rota certa para o sucesso. Como se o fracasso tivesse destino estabelecido.
Ao final da aula, porém, não consegui me conter e, ao cruzar com a menina na saída, falei em alto e bom tom, propositalmente, para que até a chata escutasse:
- Sonhe, sonhe muito, minha querida. Sonhe alto. E vá em busca de realizá-los com seu corpo, sua alma. Com toda determinação. Não deixe ninguém te impedir de sonhar e de acreditar que é possível conquistar tudo que você deseja!
Falei com otimismo e com carinho pra menina bailarina e pra menina sonhadora que habita em mim. Espero que elas tenham ouvido!
3x4
(por Thiago Figueiredo)
A viagem (quase) dos sonhos
(por Salete Trindade)
Pegue um casal de velhos doidos. Um calmo mas ultra ansioso e a outra acelerada e hiperativa, passeando sem o menor planejamento por boa parte da Itália. Só mesmo a espontaneidade do Universo e o foda-se brasileiro para nos acompanhar nessa maluquice tão incrível.
Perdemos o trem para Firenze por décimos de segundos. Aguardando o próximo para o mesmo destino às gargalhadas, feito adolescentes nas suas primeiras férias escolares.
Preciso fazer um blog dessa insanidade prazerosa e maluca. Malas, mochilas, bolsas, carteiras, água e um "pacemaker" recém colocado para renovar a bateria do antigo e quase falido coração.
Dentro do metrô um cecê de quase matar os dois. Eita povo que não toma banho sô! Eu tapo o nariz descaradamente, viro respiradora bucal para sobreviver. Catinga dos infernos. Cruzes!
No novo trem que sai uma hora depois aproveito para ver a paisagem e relatar a nossa aventura.
Bon Giorno!!!
É uma dica!
Isabel Trindade: o filme japonês Dias Perfeitos, (disponível na Prime Video e na Apple+), que foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, me tocou forte. Fiquei dias pensando sobre a vida tão simples daquele cara, sua rotina, seu afinco com um trabalho quase desprezível. E, claro, sobre a minha vida, muitas vezes tão insatisfatória, por causa de grandiosas aspirações que nem sei bem quais são. A cena final me impactou profundamente por me reconhecer dirigindo daquele jeito e pelo brilhantismo do ator que, sem dizer uma palavra, comunica diversas e profundas emoções. Não à toa levou o prêmio no festival de Cannes.
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Obrigada por ler e até a próxima edição!